A mais completa exposição sobre
Mondrian e o movimento De Stijl já realizada na América Latina chega ao Centro
Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio em 11/10, a partir das 22h30, como parte
do “viradão”, que inclui diversas atrações na madrugada. A mostra segue aberta
ao público até 9 de janeiro de 2017 e antecipa o centenário do movimento De
Stijl, a ser celebrado na Europa, em especial na Holanda, durante o ano de
2017
Para muitas pessoas, o nome Mondrian
remete a uma associação mais ou menos imediata com retângulos de cores
primárias delimitados por grossas linhas pretas. Mas ele, como tantos outros
mestres das artes, não se manteve a vida inteira no âmbito dos seus trabalhos
mais conhecidos. Piet Mondrian (1872-1944) chegou a sua obra mais famosa –
Composição com grande plano vermelho, amarelo, preto, cinza e azul – em 1921,
depois de uma trajetória que iniciou em 1892, ao ingressar na Academia Real de
Artes Visuais de Amsterdã.
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Piet Mondrian | Igreja em Oostkapelle (1908 – 1909) | Crédito: Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda |
Nos quase 30 anos que antecederam a
esse despojamento, Mondrian produziu paisagens carregadas de cores escuras, e
as vezes sombrias, que caracterizavam a pintura holandesa do século XIX. Aos
poucos, ele foi se aproximando dos movimentos artísticos que aconteciam na
Europa. Seus tons foram clareando e suas composições ficando mais ousadas à
medida em que se aproximava dos pós-impressionistas franceses, enchendo-se das
cores e pinceladas vigorosas de Van Gogh, ou experimentando o pontilhismo de
Seurat. Num processo contínuo, após uma influência temporária do cubismo,
procurou formas de abstrair a realidade e buscar a essência da imagem.
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Piet Mondrian | Composição em oval com planos de cores 2 (1914) | Crédito: Gemeentemuseum, Den Haag |
Mondrian e o movimento De Stijl, nome
da exposição que o CCBB em parceria com a Art Unlimited preparou para os
fluminenses, é uma oportunidade especial. “Organizamos tudo para que o
visitante possa acompanhar essa trajetória e entender que aqueles retângulos
coloridos que povoam até hoje o imaginário do moderno, e são tão facilmente
reconhecíveis, não nasceram de uma hora para outra, nem por acaso”, explica o
curador da exposição, Pieter Tjabbes.
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Piet Mondrian | Moinho de vento à noite (1917) | Crédito: Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda |
A exposição, contudo, não se esgota com
a história artística de Mondrian. Há uma segunda etapa, igualmente relevante
para compreender o que aconteceu naquele período (1917-1928), que mostra a
agitação provocada pela revista De Stijl (O Estilo), o meio escolhido para que
um grupo de artistas, designers e arquitetos, incluindo Mondrian, defendesse o
neoplasticismo e a utopia da harmonia universal de todas as artes.
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Piet Zwart | Bailarina (1920) | Crédito: Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda © Zwart, Piet /AUTVIS, Brasil, 2016 |
Mondrian tinha em mente que sua visão
da arte moderna transcendia as divisões culturais e poderia se transformar numa
linguagem universal, baseada na pureza das cores primárias, na superfície plana
das formas e na tensão dinâmica em suas telas. E seus companheiros da De Stijl
não só tinham visão semelhante, como aplicaram esses conceitos a todo tipo de
arte.
No design, por exemplo, é
representativa desse movimento a cadeira Vermelha Azul, que Gerrit Rietveld
criou entre 1917 e 1923. O mesmo Rietveld levou o De Stijl para a arquitetura,
ao desenhar e construir em 1924 uma casa para Truus Schroder-Schrader em que
aplicou a paleta de cores primárias privilegiando espaços abertos,
luminosidade, ventilação e funcionalidade, rompendo com convenções
arquitetônicas da época.
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Gerrit Rietveld | Cadeira Vermelho Azul 1923) | executado por Gerard van de Groenekan | Crédito: Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda © Rietveld, Gerrit T. /AUTVIS, Brasil, 2016 |
Os princípios expostos nos 12 anos em
que a revista De Stijl circulou foram utilizados nas artes plásticas, na
arquitetura, na fotografia, no design, na literatura, na tipografia e até mesmo
na moda. Em Mondrian e o movimento De Stijl será possível acompanhar, por
intermédio de obras originais, maquetes, mobiliários, fotografia,
documentários, fac-símiles e publicações de época, essa forma de ver o mundo e
as artes que era revolucionária em 1917 e continua moderna até hoje.
Mondrian continuou experimentando até
Victory Boogie Woogie, sua última obra, de 1944, pintada quando já morava nos
Estados Unidos. Ele morreu de pneumonia, em 1944, aos 71 anos.
A exposição Mondrian e o movimento De
Stijl, organizada pela Art Unlimited e patrocinada pelo Banco do Brasil, com
apoio da One Health e do Banco Votorantim, será aberta ao público do Rio de
Janeiro em 11 de outubro, a partir das 22h30, como parte do “viradão”, com
infinitas atrações madrugada adentro. A exposição segue aberta ao público até o
dia 9 de janeiro de 2017 e antecipa o centenário do movimento De Stijl, a ser
celebrado na Europa, em especial na Holanda, durante o ano de 2017.
São cerca de 100 obras — 30 das quais
de Mondrian — e uma seleção de múltiplas manifestações do movimento De Stijl
compondo o mais completo conjunto desse período já exibido no Brasil. A maior parte do acervo é procedente do
Museu Municipal de Haia (Gemeentemuseum, Den Haag), da Holanda, que reúne a
maior coleção do mundo de obras de Mondrian. A exposição, que é gratuita,
passou por São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
SERVIÇO
CCBB RIO DE JANEIRO
Abertura ao público: 11.10.2016 (a
partir das 22h30) até 09.01.2017
Rua Primeiro de Março, 66 - Centro -
(21) 3808-2020
Horário: quarta a segunda, das 9h às 21
horas
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